Se há fase difícil de trabalhar e nível difícil de atingir é o da integração de qualquer fonema no discurso espontâneo. As perturbações dos sons da fala são, provavelmente, aquelas que a população em geral liga directamente ao terapeuta da fala. Existem diversas abordagens, como é sabido; de entre elas destaca-se a mais conhecida e utilizada - a colocação fonética (do inglês phonetic placement).
Da minha prática clínica posso afirmar que o mais difícil nesta abordagem é, realmente, conseguir que a criança fale no seu dia-a-dia e em todos os contextos usando correctamente esse som; ou não fosse esse o grande objectivo.
Tenho várias actividades que uso transversalmente para o atingir - será difícil, aqui, distinguirmos o discurso espontâneo do dirigido.
A minha preferida é a "história partilhada". Quando montei a minha clínica fiz questão de várias coisas, mas a mais importante e difícil foi ter uma mesa redonda para diminuir ao máximo o impacto do tradicional ambiente clínico. Tendo em conta isto gosto de me sentar frente a frente com a criança, sem obstáculos físicos no meio. Esta actividade consiste em contar uma história partilhada entre os dois - é fantástica e garanto que daqui surgem histórias inesperadas. O mote para iniciar pode ser dado por mim ou pela criança. Assim, um de nós diz uma frase que inicia a história. O outro diz mais uma frase que complemente a anterior - assim sempre, sucessivamente. Obviamente que, mais uma vez, esta actividade pode ter muitos objectivos - neste caso, explico objectivamente ao miúdo que quero que ele se lembre sempre do som que estamos a trabalhar. Quando ele se esquece - devemos lembrar e ele deve reformular! Nesta actividade a criança foca-se mais no conteúdo da história e na criação do mesmo - descentralizando a sua atenção na dificuldade de produção do som. É bastante próximo do discurso espontâneo e, por isso, recorro com frequência à actividade.
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