16/09/2015

Revisão de material - Mix & Match, Tiger

Recentemente descobri que tinha aberto uma loja muito engraçada que já conhecia de outros países - a Tiger. Esta loja distingu-se por ter materiais exclusivos a preços bastante acessíveis, sempre com qualidade; é uma loja com produtos gerais, e não dirigidos à reabilitação. Se entrarmos na Tiger com olhos de terapeuta, conseguimos descobrir muitos materiais que podem ser utilizados.

Mix & Match é um pequeno livro que apresenta diversas personagens típicas, representando profissões e outros. Cada página divide-se em três que se podem misturar e criar personagem misturadas. Vêm, portanto, a quantidade de actividades que podem ser inventadas em torno do pequeno livro. É robusto, feito com páginas de cartão grosso e a lombada é feita com argolas.

 

A título de exemplo, podemos pedir à criança para:
-Identificar as personagens: deve, então, seleccionar as partes do livro para formar a enfermeira, o pirata ou outros;
-Identificar o erro: qual parte do corpo não faz parte, ou não combina;
-Descrição dos atributos: como está vestida, caracetrísticas da face ou corpo;
-Adequar o personagem para determinadas condições: saír à rua, trabalhar, dormir, ir à praia.

São apenas algumas das muitas actividades que, mais uma vez, apenas dependem da nossa imaginação de terapeuta!

23/08/2015

Pós-graduação em Terapia Assistida por Animais: Cães e Cavalos


Apesar de não ser nova, a temática da terapia assistida por animais continua a ser explorada e, acima de tudo, formalizada. Deixa, cada vez mais, de ser a intervenção feita por pessoas não diferenciadas para passar a ser uma estratégia de intervenção coadjuvante às abordagens tradicionais.

Há cerca de dois anos foi-me lançado o repto pela querida amiga e colega Drª Adelaide Dias e pelo instituto CRIAP, de criar uma pós-graduação que garantisse a capacitação de profissionais da saúde juntamente com aqueles que existem de melhor em cada área. Aceitei de imediato.

Hoje, estamos em vésperas de fechar as inscrições para a primeira edição daquela que pretende ser uma pós-graduação inovadora nacional e internacionalmente. É composta por uma parte equina e outra canina, reunindo os especialistas das diversas áreas de formação com conhecimento e prática clínica. 
Para a componente canina os formandos poderão trazer o seu próprio cão – ao longo do curso poderão aprender a treiná-lo e no final incluí-lo na sua prática clínica.
A componente equina será igualmente prática e ministrada em contexto real de centro hípico - Centro Hípico da Gondolândia.

A grande quantidade de horas destinadas às componentes práticas tornarão isto viável. Serão criadas dinâmicas pedagógicas diferenciadoras, garantidas por aqueles que também representam a nível nacional e europeu os conhecimentos e as práticas reais e eficazes nas áreas.

Não deixem de visitar o site do Instituto CRIAP onde estão reunidas as informações, incluíndo cronograma, corpo docente entre outros.

27/06/2015

Grupo de investigação em voz falada e cantada

Como alguns podem saber um dos meus temas de interesse e investigação é a voz. Por motivações profissionais e pessoais tenho vindo a desenvolver as minhas investigações na área da voz cantada e falada - patológica ou não. Nesse sentido, e uma vez que tenho vindo a publicar e apresentar resultados nesta área, decidi fazer uma compilação dos trabalhos num website.
Foi, também, uma forma de comemorar mais uma etapa na minha vida académica - o meu doutoramento foi aceite e começará em breve!
O website pretende reunir as publicações feitas por mim e pela minha colega de investigação, a Prof. Doutora Susana Vaz Freitas. Para além disso, criamos com frequência artigos que pretendem ser úteis na vida profissional dos profissionais que lidam com a voz. Apresentamos ainda ferramentas e recursos variados. O website está em português e inglês.

Podem visitar em http://voz.pmpterapia.pt


24/04/2015

Gestão de expectativas em prática privada - uma reflexão

É sabido que, pelo menos na cultura portuguesa, quem procura um serviço particular será mais exigente - apesar de não ser verdade para toda a gente. Há muitas variáveis que contam neste jogo que é a saúde privada. Mas foquemo-nos no nosso caso concreto - terapeutas da fala em prática privada.
Há vários motivos para se recorrer a um terapeuta da fala particular: ele é conhecido como um dos melhores na sua zona ou nessa área de intervenção (a segunda menos verdade); a pessoa não tem vaga num serviço público e está ansiosa por ter resposta para si ou para o seu filho; ou porque fica perto da sua zona de residência ou trabalho.
De qualquer forma, este vai ser um serviço pago. Assim, ao contrário de um serviço não pago ou de preço simbólico, as pessoas terão a tendência de aumentar a sua exigência face ao serviço prestado. Isto traduz-se nas expectativas que os clientes estabelecem mesmo antes de virem até nós. Cabe-nos, após a avaliação e não só, recolher, analisar e adequar essas expectativas. Nunca faço previsões - em saúde nunca podemos ter a certeza de nada!
Pior mesmo, é quando nos aparecem clientes que tentam impor objectivos. Considero, como clínico, que os objectivos - sobretudo com crianças - devem ser definidos no pós-avaliação numa reunião com os pais; transmito os resultados, dou o meu parecer e os pais concordam ou até sugerem algumas alterações.

A propósito de um caso, relembro com tristeza uma relação terapeuta-cliente que correu tudo menos bem. Não me esquecerei, nunca, de um casal de meia idade que tinha um filho no jardim de infância. A sua queixa seria "fala mal e não diz os l's". Feita a avaliação, compreendi que se tratava de um problema bem mais sério que afectava todas as áreas da linguagem e fala bem como o comportamento - não estou a falar de autismo mas sim de um grande atraso no desenvolvimento. Os pais ouviram com serenidade e, apesar de não parecerem 100% confortáveis, concordaram com tudo e assim demos início à intervenção. Passados dois meses um deles começou a questionar, sessão após sessão, a ausência de resultados - eu explicava, sessão após sessão, quais tinham sido os resultados. Qual não é meu espanto quando me deparo que, os pais continuavam a querer apenas os sons da fala trabalhados!!! Marquei uma reunião, expliquei e prossegui novamente. Pouco tempo depois a criança deixou de aparecer alegando que estava de férias. Não voltou mais e o pai quis uma reunião. A maldita reunião seria para questionar tudo novamente e para pedir um reembolso - imaginem! Chegou ao cúmulo de comparar o seu filho com uma máquina de lavar que, quando comprada e com defeito, pode ir para a garantia! Foi um "chorrilho" de disparates. Obviamente que não reembolsei ninguém - a criança não é uma máquina de lavar e tudo tinha sido explicado claramente - além do mais o menino tinha faltado inúmeras vezes. Ah, vim a descobrir junto de outros colegas que houve, até, quem quisesse sinalizar a criança - eu não era o primeiro a ter a árdua tarefa de ADEQUAR as expectativas dos pais.
Foi um claro caso de insucesso terapêutico a todos os níveis. Mas é assim que aprendemos e, na minha consciência, agi bem e honrei o meu nome e prática. No meio de tudo tenho imensa pena da criança que não pode ser ajudada como devia!

11/04/2015

Revisão de livro - "Jogar com as palavras"

No outro dia, antes de uma formação da ComFala passei na Fnac. Confesso ter um vício - fazer colecção de livros que estejam relacionados com Terapia da Fala. Trouxe dois e, um deles, é fantástico - ainda não tive tempo de explorar o outro.

O livro "Jogar com as Palavras", da editora francesa Les Francas publicado em português de Portugal pela Associação para a Promoção Cultural da Criança, está à venda por 14,90€. É a tradução e adaptação de uma obra francesa - muito bem conseguida, por sinal! É um bom investimento.



Não é uma obra dirigida directamente ao público infanto-juvenil mas sim aos profissionais que trabalham com eles. O objectivo do autor é promover a relação com a leitura e escrita entre os 2 e os 12 anos. O que me fascinou neste livro foi a qualidade das actividades propostas assim como a forma de as estruturar e apresentar. São actividades flexíveis, que podem ser feitas individualmente ou em grupo.

Como terapeutas da fala podemos recorrer a algumas ideias do autor e adaptar à nossa realidade. Tudo depende da nossa imaginação. Ao contrário de outros do mesmo género, este não é complexo e preenchido por descrições teóricas massudas - o que me desagrada. Há que distinguir os objectivos e as intenções da publicação. O seu carácter prático torna a consulta do livro rápida e exequível com uma população heterogénea.

Aqui fica o link para consultarem o site da Associação para a Promoção Cultural da Criança.

09/02/2015

Quando nós desenhamos!

Começo esta publicação por dizer que desenho bastante mal. Apesar de, na minha família, haver várias pessoas que o fazem de uma forma profissional, eu desenho simplesmente mal!
O que hoje me fez escrever este post foi a diferença que tenho visto na motivação das crianças. É tão diferente quando fazemos material de intervenção juntamente com a criança! Bem sei que será mais fácil pegar num livro, numas cartas ou até imprimir algum material que tenhamos no nosso computador.
Com o ser humano tudo gira em volta da motivação - bem sabemos que com algumas das nossas crianças a motivação tem um papel ainda mais importante.
Nem todos os objectivos que definimos para um cliente me permitem fazer isto mas, sempre que posso, crio o material em conjunto com ele. Umas das formas mais divertidas é desenhar com ele. O desenho que apresento serviu para criar uma história com base numa selecção de palavras feitas pela criança com grupos consonânticos. A criança, servir-se-ia deste conjunto de estímulos para criar uma história e, assim, trabalhar o /r/ em grupo no discurso dirigido - as legendas são apenas para eu me guiar pois a criança ainda está numa fase muito precoce de aquisição da leitura e escrita.
Mais uma vez depende da nossa imaginação e as possibilidades são infindáveis.
Motiva as crianças porque lhes dá a oportunidade de participarem na construção do material - Às vezes elas mesmo desenham. Quando é o caso, pode até não se compreender o que é que ela desenhou - mas, por certo, ela ir-se-á lembrar na sessão seguinte que aquilo é um "cão".
É ainda motivador para as crianças terem a oportunidade de fazerem troça dos nossos pobres desenhos e dizerem que nada tem a ver com uma "escola" ou outra coisa qualquer.
Bem, fica aqui a sugestão de aumentarem a frequência de utilização de desenhos feitos por vocês e pelos vossos meninos.